Sudário de Turim

Vestígio de radiação e várias manchas de sangue encontradas no Sudário de Turim podem ser possíveis indícios de que o pano não é uma falsificação e é de fato uma evidência da ressurreição de Jesus Cristo, afirmou Gary Habermas, presidente do Departamento de Filosofia e Teologia na Liberty University, na sexta-feira durante uma apresentação na 20a conferência anual de Apologética Cristã Evangélica do Southern Seminary.
Habermas, que realiza palestras sobre o tema desde a década de 1970, falou ao público sobre uma série de descobertas interessantes que os cientistas foram capazes de fazer sobre o Sudário, mas recusou-se a fazer quaisquer declarações definitivas sobre o objeto ser realmente o autêntico manto usado no enterro de Jesus.
De acordo com o professor, uma das descobertas, baseada em imagens realçadas do Sudário, é que os dentes da pessoa estavam aparecendo através da pele, o que seria um possível sinal de ressurreição para aqueles que acreditam que o homem é realmente Jesus Cristo.
- Sua pele está intacta, sua barba está intacta, mas você é capaz de ver o que está do lado de dentro saindo, assim como se você fosse capaz de ver o que está na parte de trás de uma mão – disse durante a apresentação.
- Este é um dos melhores indícios de que o homem do Sudário, que estava morto e foi crucificado, a radiação saindo. (Os dentes) estão no interior, mas na fotografia são mostrando exterior. Independentemente da forma (a radiação) está chegando e está trazendo a imagem do interior para o exterior. – completou.
Especialista em pesquisas sobre a ressurreição de Jesus, o professor argumentou ainda que algumas coisas são amplamente aceitas sobre o Sudário, ou seja, que ele realmente tem séculos de idade, que definitivamente não é uma pintura, e que não há vestígios de corantes ou pigmentos e as manchas de sangue foram verificadas como autênticas.
Ele afirma ainda que as imagens gravadas no Sudário revelam marcas de sangue em diversos ferimentos gravados nele, além de permitir que os cientistas possam definir as armas usadas no acoite e até mesmo a estatura das pessoas que lhe bateram, e que um deles era canhoto. Além disso, ele relata que análises químicas feitas no pano revelaram a presença de um tipo de calcário que existe quase que exclusivamente em Jerusalém.
O que é o Sudário?
O Sudário de Turim, ou o Santo Sudário é uma peça de linho com 4,4 metros de comprimento e 1,1 de largura, que mostra a imagem de um homem que aparentemente sofreu traumatismos físicos de maneira consistente com a crucificação. O Sudário está guardado fora das vistas do público, em Turin (Itália), desde cerca de 1578. Desde 1983, pertence aoVaticano. A peça é raramente exibida em público.
Muitos católicos acreditam que seja o tecido que cobriu o corpo de Jesus Cristo no momento de seu sepultamento. A imagem no manto é em realidade muito mais nítida na impressão branca e negra do negativo fotográfico que em sua coloração natural.
A origem da peça conhecida como Santo Sudário tem sido objeto de grande polémica. Para descrever seu estudo geral, os pesquisadores cunharam o termo “sindonologia”, do grego sindon, a palavra usada no evangelho de Marcos para descrever o tipo de tecido comprado por José de Arimatéia para usar como mortalha de Jesus.
Desde a primeira fotografia do Sudáio, feita por Secondo Pia em 1898, percebeu-se que a imagem impressa no tecido mostra-se mais visível em um negativo fotográfico do que quando contemplada a olho nu.
Imagem positiva (esq.) e negativa (dir.) frontal do Sudário.
O tecido mostra as imagens frontal e dorsal de um homem nu, com as mãos pousadas sobre as partes baixas, consistentes com a projeção ortogonal, sem a projeção referente à parte lateral do corpo humano. As duas imagens apontam em sentidos opostos e unem-se na zona central do pano.
O homem representado no Sudário tem barba e cabelo comprido pela altura dos ombros, separado por uma risca ao meio. Tem um corpo bem proporcionado e musculado, com cerca de 1,75 de altura. O sudário apresenta ainda diversas nódoas encarnadas que, interpretadas como sangue, sugerem a presença de vários traumatismos.
Formação da imagem:
Em 1978, uma equipe de pesquisadores americanos realizou vários testes no Sudário. Seu objetivo era entender como a imagem tinha de formado. As conclusões foram:
A imagem não foi pintada com nenhum líquido ou corante, nem produzida em temperatura alta (teria alterado o sangue e ficaria fluorescente à luz ultravioleta).
Ela se formou porque algumas fibras de cada fio ficaram amareladas por oxidação e corrosão de sua celulose. Quanto mais fibras afetadas, mais escura a imagem.
O fenômeno só alterou a superfície do pano, não passando das 2 ou 3 fibras mais externas, numa profundidade de 20 micra (20 milésimos de milímetro).
A imagem no Sudário é superficial, tridimensional, não-direcional (sem zonas sombreadas) e tem uma alta definição. Diversos testes conseguiram estas características de forma isolada, mas não todas ao mesmo tempo. Os cientistas concluíram que a tecnologia disponível no século 21 não é suficiente para produzir uma imagem como a do Sudário.
Tentativas de reprodução da imagem do Sudário usando mirra, aloé e suor. A imagem C é a original.
Materiais encontrados no Sudário:
Sangue:
Cientistas da Universidade de San Antonio (EUA) descobriram fragmentos de DNA humano masculino (cromossomos X e Y). Outros cientistas comprovaram que as manchas vermelhas de Sudário correspondem a sangue humano. Foram obtidos resultados positivos para onze testes específicos de sangue.
A análise microespectrofotométrica identificou hemoglobina, porfirina, bilirrubina e proteína do sangue humano. A análise do sangue comprovou ainda que era rico em bilirrubina (substância cicatrizante que o fígado produz a partir dos glóbulos vermelhos, quando o corpo é gravemente traumatizado).
O patilogista Pierluigi Bollone confirmou estas descobertas e, usando processo de imunoquímica, identificou o tipo de sangue do Sudário: AB, raro entre europeus (3%) e mais comum em judeus (18%).
A quantidade de sangue indica que o Homem do Sudário morreu por ruptura do coração, processo final de um infarto agravado por um forte stress físico. O sangue invadiu o pericárdio, causando a morte por tamponamento.
Mistério do Sudário: as feridas, o sangue e o rigor mortis provam que o Homem do Sudário é um cadáver. Mas não apresenta sinais de decomposição, apesar dos maus-tratos sofridos, que deveriam acelerar o processo. O sangue coagulado se dissolveu em contato com o pano (fibrinólise). Este processo foi interrompido em torno de 36 horas após a sepultura. O corpo deixou de estar em contato com o lençol sem alterar as manchas de sangue, fato que não possui explicação.
Pólen:
O crimilógo suíço Max Frei recolheu amostras de pólen do Sudário em 1973 e 1978. Muitas são típicas de Jerusalém e arredores. Dois tipos de pólen não existem na Europa nem na Palestina. Uma dessas espécies é exclusiva da região de Urfa (a antiga Edessa) e a outra é encontrada somente em Istambul (Constantinopla). Há mais pólen sobre a área do rosto, sugerindo que essa parte do tecido ficou mais exposta que o resto da peça. Dos 77 tipos de pólen achados até agora, metade é de plantas que só crescem na Palestina.
Flores:
Com a ajuda de fotografias em tamanho natural e em alto contraste foi possível encontrar imagens florais impressas de forma tênue em várias partes do tecido do Sudário. Avinoam Danin, botânico israelense de fama internacional, identificou a espécie destas plantas. Em especial, três espécies exclusivas de Jerusalém e Mar Morto:
Pistacia lentiscus, Gundelia tourefortii e Zigophilum dumosum. Esta última só floresce num breve período de primavera, entre abril e maio. Estas espécies correspondem também ao pólen encontrado no Sudário.
Vestígios de um crisântemo encontrado no Sudário.
Terra:
Foi encontrado material terroso entre as fibras do Sudário em partes da imagem que correspondem ao nariz, ao joelho esquerdo e aos pés. A análise química contatou que a terra é composta de carbonato de cálcio, com pequenas quantidades de estrôncio e ferro. Trata-se do travertino aragonita, pouco comum, mas idêntico ao que já foi encontrado em grutas de Jerusalém.
Aromas fúnebres:
Entre as partículas de pó extraídas do Sudário foi possível encontrar aloés e mirra, sunstâncias aromáticas usadas na antiguidade. Além disso, foi identificado um composto chamado Natron, utilizado na Palestina para desidratar cadáveres, um processo parecido ao da mumificação egípcia.
Crucificação:
Os pregos atravessaram a região do pulso da vítima, para garantir uma melhor sustentação do peso. A lesão do nervo médio provocou uma dor lancinante e contraiu os polegares, que não aparecem na imagem. A posição dos pés indica que foram pregados um sobre o outro.
Reprodução de pregos da crucificação.
Um dos grandes tormentos de um crucificado era a dificuldade de respirar. A posição na cruz impedia em grande parte a exalação do ar, com a consequente tetania e cãibras dos músculos. Para fazer uma respiração completa, o crucificado precisava erguer o corpo apoiando-se nos pregos, renovando assim a dor recorrente da lesão no nervo médio.
O Homem do Sudário apresenta uma ferida no peito. Suas dimensões correspondem às de uma lança romana. A nitidez da ferida e o sangue mostram que o golpe foi infligido depois da morte.
Como o Sudário foi descoberto?
Diversas fontes antigas reportam a história do rei Abgar V de Edessa (atual Urfa, na Turquia). Abgar teria recebido de um discípulo de Cristo um tecido impresso com sua imagem, tornando-se o primeiro rei cristão, ainda no século I. Mais tarde, sob o domínio romano, a cidade volta ao paganismo e o pano desaparece.
O tecido de Edessa é encontardo no século VI, escondido entre as muralhas da cidade. A notícia se espalha rapidamente e Edessa se torna uma meta de peregrinações. O pano é conhecido como “Mandylion” (lençol), e considerado uma imagem “acheiropita” (não feita por mãos humanas).
A descoberta do Mandylion em Edessa afeta a representação do rosto de Cristo. A partir do século VI ele deixa de ser pintado como o de um romano e toma como referência a imagem do Mandylion.
O 2º Concílio de Niceia, no ano de 787, determina que toda a imagem de Cristo deve ser uma cópia fiel do “original”.